quarta-feira, 31 de agosto de 2011

AS COISAS NÃO SÃO, NECESSARIAMENTE, AQUILO QUE PARECEM SER...


AS COISAS NÃO SÃO, NECESSARIAMENTE,
AQUILO QUE PARECEM SER...




Lembro-me de certa vez ter atendido um adolescente que me foi apresentado por causa de um pequeno problema físico.

O que, porém, preocupava realmente os pais era a incrível indisciplina do garoto. Ele sempre estava criando problemas que causavam aborrecimento e depois via-se obrigado a encarar as conseqüências.

Era o tipo do garoto que pulava sem parar, não prestava atenção a nada e sempre quebrava alguma coisa. Ele podia matar alguns minutos de aula como fazem dezenas de outros meninos, mas facilitava as coisas, de modo que era o único a ser pego. Ia de carro até a loja, mas esquecia os documentos em casa e era detido pela polícia.

Enquanto eu o atendia, meu Espírito recebeu uma mensagem: esse rapaz tem um trabalho importante a fazer no futuro. Não obstante, há uma negligência no seu modo de empregar a energia que precisa ser disciplinada. Assim, ele cria para si mesmo uma situação após outra que lhe permitem aprender isso. Diga aos pais que não se preocupem, pois é a alma que está moldando a personalidade para atingir seus objetivos.

Eu sempre penso nesse conselho quando vejo pessoas repassando a mesma lição muitas e muitas vezes.

No momento em que compreendemos que nossas almas estão nos segurando metodicamente na mesma “sala de aula” até que cheguemos a assimilar as lições, a impaciência e os juízos a nosso próprio respeito e a respeito dos outros tornam-se atenuados e suaves.

Na maior parte do tempo, não sabemos qual é a lição das outras pessoas. Mas começamos a compreender que um momento difícil, e até mesmo uma tragédia, é provavelmente uma lição importante e necessária em suas vidas.

A essa altura, nós nos tornamos cônscios de que as coisas não são aquilo que parecem ser. E, se parecem ser muito ruins, elas não são necessariamente assim! Levei certo tempo para aprender que as coisas nem sempre são aquilo que parecem ser.

Lembro-me de ter trabalhado com uma mulher brilhante que sempre acabava se vendo no papel de promover o trabalho dos outros. Ela tinha vários diplomas, inclusive doutorado em psicologia, e era inteiramente capaz de fazer o tipo de trabalho que traz muita fama e reconhecimento.

Ela, porém, estava muito acomodada nesse papel e não era por isso que estava buscando orientação. Seu padrão de permanecer em segundo plano começou quando nasceu.

Ela pertencia a uma família numerosa, cujos problemas financeiros a impediram de cursar a faculdade enquanto jovem. Então, foi trabalhar para sustentar os irmãos mais novos e ajudá-los a entrar na faculdade.

Aos trinta e cinco anos, essa mulher finalmente terminou com mérito o curso de graduação. Fez a pós-graduação sob a orientação de um homem muito famoso e depois dedicou-se a apoiar o trabalho dele.

A primeira vez que nos encontramos, ela já passava dos sessenta e estava trabalhando muito para compilar as obras do seu mestre. Ela também havia trabalhado como terapeuta junto a vários alunos que posteriormente acabaram se tornando famosos na área.

Quando analisamos mais de perto o escopo do seu plano de vida, ficou claro que ela tinha encarnado para trabalhar no processo da iniciação da alma que pode ser definido como “sacrificar a própria vida pelos outros”. Esse tipo de atividade da alma não significa necessariamente que a pessoa tenha de morrer fisicamente por outra.

Sacrificar a vida tem mais que ver com a idéia de pôr de lado o ego inferior a fim de empregarmos nossos talentos para servir os outros. Definitivamente, trata-se de um trabalho de Ph.D. no nível da alma que não deve ser confundido com a sabotagem psicológica dos próprios talentos.

O falso martírio deixa a pessoa ressentida e insatisfeita. Você não vê muita alegria numa pessoa desse tipo. Porém, a aquiescência voluntária à lição de sacrificar a fama e a fortuna para dar apoio ao crescimento dos outros gera uma grande alegria — para grande perplexidade daqueles que ainda estão procurando ser o número um.

É interessante notar que, antes de sermos solicitados a nos consagrarmos a esse tipo de lição, temos antes de aprender o que fazer com a idéia de ser o número um. Creio que temos de passar pela experiência de abrir mão de alguma coisa valiosa antes de podermos fazer isso bem e com alegria.

Outro exemplo de alguém que trabalha para dedicar a vida em prol dos outros pode ser o de uma pessoa que foi famosa numa vida anterior por causa de sua voz e que decidiu, no nível da alma, ser um grande professor de canto nesta vida.

O gênio dessa pessoa é aproveitado para ajudar os outros a alcançar o seu potencial. Um grande escritor pode decidir ser um grande editor para os outros. Outra pessoa, inteiramente capaz de realizar muitas coisas para sua própria fama mas que decida trabalhar nessa lição específica, pode tomar a decisão de se dedicar a ser mãe de várias crianças em período integral.

Cada uma dessas pessoas, fazendo uso de seus próprios recursos para promover o talento de outras, descobre que o sacrifício apenas parece consistir em abrir mão de algo, quando é visto pelos olhos do aluno mais novo. Na verdade, isso significa uma aquisição.

Como todas as lições da alma, esta não pode ser contrafeita: o eu interior sabe se estamos simulando uma patologia, um mito familiar programado ou crescendo quanto à compreensão.

A fé no objetivo da alma não é muito compatível com um sistema de valores que requer recompensa imediata.

Desse ponto de vista, as mudanças constituem uma constante fonte de frustração, muitas vezes devastadora e angustiante. Assim que começamos a encarar-nos a nós mesmos e aos outros holisticamente, em toda a nossa trajetória de vida, passamos a reconhecer a mudança como a força dinâmica que está por trás do desenrolar do plano da alma.

A maioria de nós poderia olhar para trás e ver que uma mudança difícil, que não fez nenhum sentido num determinado momento da nossa vida, preparou-nos para desempenharmos uma importante tarefa, posteriormente.

Madeleine L’Engle, em seu livro The Irrational Season [O Período Irracional], fala a respeito do "não" que na maioria das vezes precede o "sim". Ela aponta para o fato de que foi o não do Getsêmani que tornou possível o sim da Ressurreição.

Diante de uma decepção ou de uma mudança radical que nos desagrada, é um desafio acreditar que existe um propósito. Aceitar isso é uma das primeiras lições para viver as mudanças com dignidade.

Quantas vezes não tentamos manipular o mundo para obter algo que queríamos e falhamos? Simplesmente aquele não era o momento certo, mesmo que não soubéssemos disso. Mais tarde, as mesmas portas que antes queríamos tão desesperadamente abrir à força escancaram-se para uma oportunidade inesperada e nós as transpomos, aparentemente sem nenhum esforço. Esse é o
momento certo.

Como um vaso de cerâmica que foi diversas vezes submetido ao fogo a fim de poder suportar a pressão daquilo que virá a conter, assim também nós somos moldados sempre tendo em vista o futuro.


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As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p.20.
Foto: Lollomelo
Fonte: BLOG MEU MELHOR MODO DE SER
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LUZ!
STELA

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