segunda-feira, 5 de outubro de 2020

DEIXAR-SE IR


DEIXAR-SE IR
Por Maria Chambers

Discutimos longamente como é importante abrir mão de certas atividades, relacionamentos ou grupos em nossa vida. Mas não há nada mais importante do que abandonar a nós mesmos.

E o “nós mesmos” de que estou falando é a história da personalidade humana. Toda a nossa história como Maria, ou Frank, ou qualquer nome que nos chamemos.
 
A única maneira de nos movermos para a nossa própria liberdade aqui nestes augúrios como humanos iluminados é liberar, em amor e honra, toda a nossa linhagem e todas as histórias e feridas que vieram com ela.

Isso não significa que nossa história não existirá mais, mas nossa alma está destilando toda a sabedoria de todas essas experiências para nós.

Nós, como humanos, não estamos fazendo nada dessa destilação. Nós não poderíamos, mesmo se quiséssemos. Na verdade, a persona humana deseja se apegar a esse passado. Identifica-se com ele em um nível profundo.

Por mais que nos sintamos sobrecarregados com nossos corpos ancestrais e todas as porcarias herdadas, e por mais que queiramos ir além de nossas muitas feridas, desta e de outras vidas, ainda há uma parte de nós que não está disposta a permitir ir.

Às vezes, relutamos em abrir mão de um emprego ou de uma amizade porque temos medo de ficar solitários. Quero dizer, quantas pessoas podemos deixar ir antes de estarmos literalmente sozinhos neste mundo? Já não estamos sentindo essa solidão agudamente de vez em quando?

Então, ter que abrir mão de toda a linhagem de nossa família que remonta a milênios parece uma tarefa difícil. Isso significa que estamos literalmente sozinhos neste mundo. Esse é um pensamento assustador.

Mas é por isso que estamos aqui, como pioneiros de uma experiência incrível. Incorporando nossa Consciência, enquanto permanecem aqui e caminham pelo planeta como humanos que se fundiram com seus seres Crísticos, nosso EU SOU.

E temos feito exatamente isso. Temos liberado nosso passado. É por isso que muitas vezes nos sentimos vazios. É por isso que não podemos nos relacionar tanto com aquele mundo lá fora, ou mesmo às vezes com nossa própria família e amigos.

Mas, em vez de ver esses sintomas como uma experiência negativa, por que não os considerar como uma indicação de que de fato estamos liberando nossas histórias e todas as feridas associadas a elas?

Todo o trauma e todos os problemas físicos que nunca foram nossos, para começar. E esse é o meu próximo ponto.

Todas as histórias em todas aquelas vidas, e todas as feridas, a depressão, os vícios, os medos, as dúvidas … tudo isso não é nosso. Nunca foi. Você já ouviu tudo isso antes.

Mas é tão importante agora nos lembrarmos de que essas experiências, essas emoções e aquelas condições físicas que até certo ponto parecemos ainda estar carregando … não são nossas. E chegou a hora deles.

Claro que isso não significa que nos livraremos de todas as nossas coisas. Não podemos esperar que isso aconteça. Sempre há coisas que permanecem nas sombras. Mesmo após a realização, há coisas ali, mas a diferença é que não somos mais provocados por elas.

Mas existe uma tristeza no ser humano que deve ser respeitada. Está deixando de lado quem ele pensava que era. Existe um luto. Também há muitas distrações para que ele ou ela não sinta essa tristeza. Mas, mais cedo ou mais tarde, nosso eu humano terá que sentir o que quer que surja, honrá-lo e deixar ir.

Mas a boa notícia é que, à medida que liberamos os antigos padrões ancestrais de nosso ser, estamos pavimentando o caminho para que nossos ancestrais, e até mesmo aqueles de nossa família imediata, façam o mesmo. Para se libertar também.

Nada está realmente perdido. É apenas uma grande ilusão estarmos perdendo pessoas. Estamos liberando nossa velha conexão com eles, em que havia padrões disfuncionais. Padrões que não estavam servindo a eles ou a nós.

Mas parte da mudança para nossa soberania é criar presságios físicos que sejam livres de velhas crenças e padrões de pensamento, de modo que se tornem nossos verdadeiros corpos. Corpos que refletem nossa verdadeira consciência.

Haverá uma tendência de querer deixar algumas coisas, mas se apegar a outras de nossa linhagem. Desculpe, não pode. É tudo ou nada. Em outras palavras, não seremos capazes de acessar nossa liberdade se ainda nos apegarmos ao nosso passado.

Novamente, isso não significa que não podemos nos orgulhar de nossa herança e desfrutar dos costumes ou tradições de nossas famílias. Na verdade, podemos apreciá-los ainda mais quando estamos livres.

Nunca gostei muito do Natal. Parece um momento triste para mim. E como apenas mais uma obrigação. E é porque eu era tão empática que estava internalizando a tristeza dos outros.

Mas, conforme eu liberava meu passado, com toda a tristeza e qualquer senso de dever em relação a ter que celebrá-lo, agora posso desfrutar da essência do Natal como nunca antes.

Eu amo as decorações e a música de Natal. Mas isso é porque não há mais nenhuma associação com eles como sendo tristes ou se sentindo solitários e deprimidos.

De muitas maneiras, eu me libertei do peso do meu passado e do passado da minha família. Principalmente relacionado às mulheres da família. Mas tenho que honrar que é um processo e há momentos em que sou provocada e sinto as feridas.

Não estamos tentando nos livrar de nossa experiência humana. De forma alguma, mas à medida que avançamos em nossa realização, essa experiência será muito mais livre do peso de nosso passado e enriquecida com as alegrias de nossa alma.

E nossa experiência como humano realizado mais do que compensará qualquer sensação de perda que muitos estejamos sentindo agora.

Nosso verdadeiro Eu Eterno sabe que essas emoções, os medos, a solidão, o tédio e a dúvida … são ilusões. Eles não são nossos e estão sendo liberados enquanto seus olhos estão nesta página.

Mas lembre-se de que antes de qualquer grande mudança na consciência, houve grandes medos e dúvidas. Então, divirta-se, deixando-se ir!

E divirta-se ao perceber que não há nada realmente perdido.

Maria Chambers

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