INVEJA

INVEJA
Por Bruna Pinheiro & Camila Chagas
Agosto 2019

E se eu te dissesse que a sua inveja pode te trazer um presente?

Você sabia que uma das formas de descobrir qualidades escondidas dentro de você, é investigando as pessoas que você sente inveja? Há milênios somos ensinados que alguns sentimentos não podem ser sentidos, e isso nos faz sentir culpa. Nos sentimos piores do que os outros, e com isso nos encolhemos, sentimos vergonha de quem somos.

Não é exagero dizer que muitos jovens não aguentam a pressão de serem quem são, e decidem terminar suas vidas por aqui. Eles não têm coragem de assumir seus sentimentos, não dão conta de assumir sozinhos e, então, partem para algo mais agressivo do que se apenas se permitissem sentir qualquer sentimento que lhes viessem à tona.


Não seria mais fácil então - ao invés de tirar nossas próprias vidas, seja com um ato agressivo desses que a gente escuta casos todos os dias, ou com uma doença que nós mesmos adquirimos por termos ficados, por tanto tempo quietos - se a partir de agora fizéssemos as pazes com qualquer tipo de sentimento que venha nos visitar?

Eles não existem a toa. É claro que não. Se existem, estão aí para nos ensinar algo.

Certo dia deu vontade de escrever uma carta para a raiva, e outra para o medo, e acabei descobrindo coisas incríveis. Tudo é perfeito exatamente como é. As coisas nem sempre são o que a gente imagina que elas são.

A criação divina é simplesmente perfeita, e não existem erros por aqui. Todos nós somos iguais, então vamos nos unir e simplesmente admitir que todos os dias sentimos todos os sentimentos; alguns um pouco mais, outros menos. Tá tudo bem em ser quem você é, em sentir o que você sente.

E se eu te dissesse que a sua inveja pode te trazer de presente qualidades suas que estão escondidas e esperando para serem descobertas por você? Existe uma flor dentro de você e, a partir do momento que você conversar com esses sentimentos que habitam hoje dentro de você, a flor irá desabrochar e, então, você será livre.

Pergunte para a inveja: “O que você está querendo me falar? Eu estou aberta para escutar.”

Hoje, faça uma lista de todas as pessoas que te causam inveja ou ciúmes. Depois de ter feito isso, escreva do que você sente inveja nessas pessoas. É muito importante que você saiba que a fonte é inesgotável. A pessoa que você sente inveja é muito bonita? Pois, saiba que existe beleza para todos. Descubra a beleza escondida em você. Se dê amor, que a beleza vai brotar.

Pense nos sentimentos como se fossem sementes. Você só precisar regá-los todos os dias, com amor e atenção. A beleza não é externa. E você vai perceber isso com o tempo. É só olhar querendo enxergar. A pessoa que você tem inveja é muito espiritualizada? Pois, saiba que existe espiritualidade para todos. Descubra aonde está a sua fé. Se dê amor que a sua fé vai florescer.

Todas as pessoas têm todos os sentimentos dentro delas. Os que mais se destacam são aqueles que elas escolhem regar. É simples assim. Cada vez que você sentir, seja qual for o sentimento, diga para você mesmo: "Tá tudo bem sentir o que você sente. Eu estou aqui."

Respire devagar e, aos poucos, esse sentimento vai sendo liberado, simplesmente porque você permitiu que ele existisse. Enquanto não deixarmos eles existirem, eles continuarão existindo e nos machucando. A partir do momento em que deixarmos fluir, esses mesmos sentimentos te contarão coisas incríveis sobre você e tudo seguirá mais leve.

Se você não permite, só atrai mais desses sentimentos para a sua vida. Pois, enquanto eles não conseguirem te falar o que querem, continuarão insistindo até que você os ouça com carinho e atenção.

Aceite e seja livre. A verdadeira liberdade é de dentro pra fora.

Bruna Pinheiro

Nem sempre é fácil entrar em contato com nossos sentimentos. Ainda mais aqueles em que nos percebemos imperfeitos. Afinal, fomos ensinados que precisamos socialmente nos mostrar fortes e incapazes de sentir dor, raiva, inveja, medo, preguiça.

Somos humanos, e estamos aqui para nos desafiar. E não existe desafio mais profundo do que o auto conhecimento. Tem quem ache que grandes desafios é acelerar numa rodovia a 200 km por hora, ou saltar de um prédio. Mas até que ponto estes não são fugas para não entrarmos em contato com quem somos?

Você já percebeu o quanto é difícil ficar sozinho, permanecer em silêncio e fazer nada?

Parece que o ser humano precisa estar sempre ocupado, tentando cobrir o buraco do vazio, do contato consigo mesmo. Mas tente fazer um exercício, honesto consigo mesmo.

Pegue um papel e uma caneta, sente-se num ambiente silencioso e se questione: quem são as pessoas que realmente te dão inveja? Sua reação imediata será pensar "que tremenda bobagem!", ou "não tenho inveja de ninguém, imagine!". Mas não é verdade.

Será que é daquela pessoa que você acha mais bonita que você, mais inteligente, mais expansiva? Será que é de alguém que faz os outros rirem? Que ganha muito dinheiro trabalhando pouco? Ou daquela mãe que tem tempo para cuidar de seus filhos, e ainda estar sempre muito bem arrumada?

Faça a lista, sem julgamentos. Apenas escreva. E ao lado, tente identificar o que cada uma dessas pessoas te faz sentir, e o porquê deste sentimento. Perceba ainda que este sentimento mora dentro de você e são aspectos que você guarda a sete chaves, provavelmente de faltas ou desejos que você tem dentro de você.

Ao não se sentir tão qualificado, ou não se sentir capaz, bonito, sedutor, talentoso, desenvolto, descolado, alegre. São tantas as situações que podem nos dar inveja e, ao mesmo tempo, elas estão diretamente relacionadas àquilo que não estamos satisfeitos com nós mesmos.

Esta é uma busca de encontro ao que queremos melhorar e evoluir em nós. E, por isso, este exercício é tão importante. Perceba que inicialmente você estará comparando seus bastidores ao palco de alguém. Afinal, a grama do vizinho, é sempre mais verdinha. Você está vendo que aquele executivo é rico, bem sucedido e ainda tem tempo para a academia, esposa e filhos.

Mas você não sabe que ele sofre de ansiedade ou é alcoólatra, ou que sua mãe está doente e o quanto ele sofre com isso. Ou ainda, em escala menor, que ele sim pode ter tudo isso, mas que ele adoraria (e até invejaria) sua vida rodeada de amigos, ou seu bom humor.

As pessoas são diferentes, mas ninguém é perfeito. Não existe a perfeição, ou estaríamos nos igualando a Deus e dificilmente estaríamos a passeio nesta vida, perambulando num corpo humano. Pense nisso.

As pessoas não são iguais, e ninguém tem tudo. Você pode ter tudo financeiramente, e não ter um amor. Ou a saúde que poderia para usufruir de todo seu dinheiro. Ou simplesmente, não ter o equilíbrio emocional necessário para ter disposição e não se sentir entediado frente a tantas opções.

Tente não se comparar, porque você estará equiparando tudo aquilo que você sabe de você (os bons e os maus aspectos), a apenas bons aspectos do outro. Afinal, não estamos no coração das outras pessoas para sabermos o que realmente se passa dentro de cada um.

Procure se conhecer, aceitar os incômodos e entender que a outra pessoa nem imagina o que você possa estar sentindo. Não é culpa dela e, certamente, ela também está vivendo suas batalhas, as quais não temos conhecimento.

Procure perceber que a inveja é um sinalizador de alguma falta que existe dentro de você. E, sabendo disso, tente identificar o que você sente falta, transmute este sentimento em um sonho positivo dentro de você, em um propósito pelo qual você irá se dedicar para realizar e se torne a sua melhor versão.

Não comparando-se a ninguém, seja melhor amanhã, do que você foi ontem. Não será muito difícil ser feliz.

Camila Chagas

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Grata Bruna e Camila!

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